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dezembro 26, 2009

quandos


dor de cabeça
beijo na boca
temporal
gastos com gasolina
não se sabe quando começa
.....................quando termina

desconfiança
água parada
conjuntivite
e ciumeira
de menina
não se sabe quando começa
.....................quando termina

espinha na testa
depressão
tesão de mijo
e a terceira guerra que -como está-
já se aproxima
não se sabe quando começa
.....................quando termina

janeiro 26, 2009

meio

no meio do caminho
o menino
e no meio do caminho do menino
a pedra
a pedra
no meio do caminho do menino

setembro 24, 2007

local global

quero o amor instantâneo
eterno e momentâneo
com teu rosto serafim
florescerrindo pra mim

quero o amor suburbano
cybercafé e chinelo havaiano
na favela do local
hoje já tudo é global

quero o amor sem conversa,
frente e verso, vice e versa
cerveja em botequim
Rio, Belgrado ou Pequim...

quero o amor sem maldade
sem bushes sem falsidade
onde o que se enxerga em mim
é um não querendo ser sim

Foto: Julio Rabin 
In: http://www.sxc.hu/browse.phtml?f=download&id=711223

maio 15, 2007

roda louca roda

a um jovem pobre de um vilarejo na Quirguízia
chega algum livro russo com uma boa tradução
do cenário árido de Guimarães Rosa?

e como pode um pobre quirguiz
viver sua tão longínqua vida
sem saber que no Brasil
o homem do campo tem que ser enxadachim?

sem conhecer se é isso bom ou ruim?

roda louca que julga e classifica planetas
circulante gente que cria planeta-anão
comigo fosse ficaria plutão


no Himalaia, naquele frio paulistano
há sempre alguém que quer pra si o topo do mundo
e para tanto até morre sem ar

e como pode um pobre tibetano ou butanês
viver sua tão longínqua vida
sem saber que no Brasil
pra ser estrela a gente tem de ser lispector

sem conhecer disse sequer o espectro?


roda louca que julga e classifica destinos
circulante gente que só vê o que há de seu
tanta Medusa pra tão pouco Perseu


Ilustração: www.brasilescola.com.br

janeiro 28, 2005

quanta coisa

quanta coisa voa que a gente e ninguém sabe:

a pedra da atiradeira do passado que acerta a vidraça do futuro a sua frente,
a tardia melodia de um dia-a-dia fora da rotina que ensurdece quem já não ouve,
a beleza daquela feia de óculos escuros que ficou bela para o feio apaixonado,

quanta coisa boa que a gente e ninguém vê.